sexta-feira, 24 de outubro de 2008

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008





Rio Preto ressentia-se a falta de uma igreja que primasse pela sua feitura, substituindo aquela capela dos tempos da Passagem do Rio Preto, que achava-se no meio do cemitério. Era muito pobre.“Francisco Tereziano Fortes", filho do segundo guarda-mor de Registro, herdeiro de grande fortuna, senhor da fazenda de Santa Clara, legou, em testamento, certa importância e quantidade de arrobas de café, para construção de um. novo templo. E seus herdeiros assim o cumpriram. E a 26 de setembro do 1860, realizou-se a inauguração da nova Igreja Matriz, templo vasto e de belo aspecto.Com esta obra despendeu a baronesa do Monte Verde, dona Maria Teresa de Souza Fortes, viúva do Tereziano, a importância de duzentos contos.Foi auxiliada, também, pelo seu irmão Carlos Theodoro de Souza Fortes, barão de Santa Clara.O Vigário da Freguesia, Padre Martiminiano Teixeira Guedes, muito esforçou-se, também, para o feliz término das obras.Ali, próximo ao altar, existem os restos mortais desses três benfeitores e, na sacristia, os retratos a óleo, dos construtores do templo, homenagem prestada pelos seus contempo­râneos.
A baronesa de Monte Verde que, mais tarde, em 1867, foi agraciada com o título de viscondessa do Monte Verde, recebeu, no dia da inauguração, grandes homenagens.




segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Resumo Histórico de Rio Preto MG, por José Marinho de Araújo


Rio Preto - Resumo Histórico
O território que constitui o município do Rio Preto começou a ser habitado no último quartel do século XVIII.
Fica encravado no flanco sul da Mantiqueira, estendendo o seu território por sobre as vertentes oeste da Serra Negra, e por sobre as ver­tentes este da serra da Mira. Pelo lado sul corre o rio Preto divisor dos estados de Minas e Rio de Janeiro
Não foí fácil a penetração dos primeiros povoadores desta zona que guardava valiosas riquezas minerais, e, como noutras partes da então capitania de Minas, aguçavam à cobica dos mais audazes. O solo do município de Rio Preto não só dava os minerais como a prodigalidade de suas sementeiras. Era um solo privilegiado. Uns atraídos pelo ouro, outros pela fertilidade do solo.
E, assim, esses povoadores intemeratos, que para o sertão de Rio Preto dirigiam-se, deram origem à cidade, aos arraiais e povoados que formam o município de Rio Preto.
A atração do ouro, nos flancos da Mantiqueira vertentes riopretanas, foi a causa primordial do aparecimento da cidade de Rio Preto.
A zona de Rio Preto permaneceu em sertão até por volta de 1780, mais ou menos.
FEU DE CARVALHO, em interessantes artigos — O Descoberto da Mantiqueira, publicados no «Minas Gerais», dá- nos o seu depoimento a res­peito do que colheu no estudo da história mi­neira
Os descobertos da Serra da Mantiqueira, Arrepiados e Caiethé são de d. Rodrigo José de Menezes, segundo declaração sua, assim relata-nos Feu de Carvalho, por nós encontrada em corres­pondência, com o Ministro de Estado Martinho de Mello Castro.
O descoberto da Serra da Mantiqueira era compreendido sob a denominação de Áreas Proibidas, que por um abuso inveterado, sem conhecimento de causa, tinha-se introduzido.
Os predecessores de d. Rodrigo José de Menezes ignoravam completamente o verdadeiro estado em que se achava o descoberto porque este abuse tinha-se feito misteriosamente e por meios surdos e ruinosos para a fazenda real.
Impossível era continuar o distrito da Mantiqueira vedado aos seus habitantes. Ainda mesmo que fosse negado não poderia ser bem entendida a proibição para o seu povoamento. E os caminhos do Descoberto da Mantiqueira onde achava-se encravado o Sertão do Rio Preto, tornaram-se preocupação máxima de d. Rodrigo.
O essencial da questão não consistia em haver muitos ou poucos caminhos; mas, sim, em ser dirigidos de sorte que iriam terminar em certos pontos fixos, para fora dos quais não pudesse passar coisa alguma de todo o recinto interior, sem ser registrada, afim de não haver extravios. D. Rodrigo aprovou todos os atos do intendente do ouro, Felix Vital Nóge, por ter obrado, com acerto, em fiscalização de caminhos e outras medidas, afim de acautelar o fisco. E elogiou o seu procedimento ativo e vigilante.
Recomendou ao mesmo que não se descuidasse. Com a mesma vigilância e interesse, continuasse com as suas pesquisas, a respeito das pessoas que abusivamente tinham- se introduzido nos Campos Gerais de Santa Rita de Ibitipoca.
O intendente Nóge achou que não havia sítio para o estabelecimento de um quartel, no descoberto da Mantiqueira, porque todo o âmbito da Serra da Mantiqueira era cercado de matos gerais e impraticáveis.
Estes matos, rodeados por uma parte pelo rio Preto e por outra pela Estrada Geral, - o rio corre de norte a Sul,- defendida pelas patrulhas de soldados, uma do Caminho Novo e outra do Paraibuna, onde, forçosamente, iriam ter as pessoas que saíssem do sitio Córrego das Pedras, dispensava o quartel.
Ali, no Caminho Novo, ou na Paraibuna, seriam registradas e apreendidas as pessoas que fossem encontradas com algum extravio.
O que determinou o fato de ter o Governador autorizado a alguns mineiros a fazerem socavões, foi uma informação, chegada de várias partes, vaga ou positiva, não se sabe, de que havia grande extravio de ouro.
E resolve, por isso, mandar a estas paragens, Francisco António Rabello, um de seus ajudantes de ordens, para com acerto, examinar o estado em que se achava o distrito da Mantiqueira.
Esse ajudante partiu a 17 de outubro de 1780, para Ibitipoca, examinando a entrada desse lugar e outros mais matos gerais da Mantiqueira abaixo.
Pelas ordens de S. Majestade, era proibido que, nesses matos, se abrissem picadas ou veredas por onde pudessem passar extravios para a capitania do Rio de Janeiro, devendo passar- se por fora, pela estrada que achava- se aberta e patrulhada.
RODOLPHO PORTUGAL, um riopretano estudioso de historia local, em artigo publicado na «A Ordem» jornal da cidade, de 7 de julho de 1921, assegura que as terras do Sertão da Mantiqueira, vertentes do rio Preto, foram, por muito tempo, conservadas incultas e desertas.
Procuravam os Governadores das Minas estabelecer barreira natural ao extravio do ouro, pois que a bruteza dos matos e as asperezas das serras, certo, bem acautelariam o fisco insaciável.
Entretanto, por sob as matas, pelas picadas dos índios que subiam para a colheita do pinhão, no campo, começaram, também, a transitar os mineiros do rio das Mortes, a salvo da argúcia dos Registros do Caminho da Garcia Rodrigues Paes. E, assim, se fez a comunicação da Região Mineira do rio das Mortes com a Freguesia do Campo Alegre (hoje Rezende) e outras da Capitania do Rio de Janeiro.
O Sertão do Rio Preto era habitado pelos índios Coroados.
LUIZ DAMASCENO FERREIRA, na sua História de Valença, diz que a Câmara Municipal de Va­lença prestou, em 1872, ao Governo da Província do Rio de Janeiro, as seguintes informações:
«Em 1789, por ordem do Vice-Rei Luiz de Vasconcelos e Souza, deu-se princípio à catequese e civilização dos Índios que residiam entre os rios Paraíba e Preto e as freguesias de Rezende, São Pedro e São Paulo da Paraíba do Sul.
Foram encarregados dessa missão, o Capitão Ignacio de Souza Werneck, o abastado fazendeiro José Rodrigues da Cruz, senhor da fazenda de Ubá, e o Padre Manoel Gomes Leal que, nessa época, fizeram sua entrada no dito território e erigiram uma frágil e pequena capela, no principal aldeamento dos índios hoje cidade de Valença sob a invocação de Nossa Senhora - da Glória, e, por ordem do Vice-Rei Dom Fernando José de Portugal e do Bispo Dom José Joaquim Justiniano, foi o Padre Manoel Gomes Leal encarregado, como capelão da referida capela, de ensinar a religião católica aos índios.»
Cerca de 1.400 índios constituíam a população humana da vertente sul da Mantiqueira até á ba­cia do rio Paraíba do lado do vale do rio Preto.

E LUIZ DAMASCENO FERREIRA, no seu trabalho citado, afirma que, em 1800, foram batizados quarenta e dois índios, dentre quarenta e nove pessoas que receberam o sacramento do batismo, na nova capela de Nossa Senhora da Glória. Um deles foi o cacique «Tanguará» — que passou a chamar-se Hyppolito.
Na carta que o coronel Manoel Rodrigues da Costa, datada de 24 de outubro de 1781, dirigiu a d. Rodrigo José de Menezes, governador da capitania de Minas Gerais (apud FEU DE CAR VALHO artigos O Descoberto da Serra da Mantiqueira, publicados no «Minas Geraes»—Nº XIV—28—4—37), dizia que:
«Dos ribeiros do Bananal e Bom Sucesso, nas cabeceiras do Rio Preto, há boas esperanças de jornais, pelo que dizem os que agora de lá vieram, e alguns fizeram Roças; porém o receio do gentio não dá lugar a alargarem-se e na Conquista do dito gentio, há de ser preciso cautela, sem que se mantém como costumam.
Sim, que conservem- se nas suas Vivendas, porque fazem Roças, tem Bananais, e usam de todas as plantas, só faltam línguas para o persuadir a paz, a qual se há de solicitar, e não é muito brava, o que faz é fugir; e pelo que me seguram a pouca distância por detrás das Cabeceiras do Rio do Peixe, estão as primeiras Aldeias, e as mais estão encostadas ao Paraíba, e giram pelo Rio Preto.»
Sob esses dois focos de civilização— Valença e Borda do Campo — estava o Sertão do Rio Preto, inexplorado.
A freguesia de Valença foi criada em 1819 e destinada a vila desde 25 de agosto de 1801. E Borda do Campo, hoje Barbacena, vila criada em 14 de agosto de 1791. Teve o título de Nobre e Muito Leal Vila de Barbacena,por alvará de 24 de fevereiro de 1823.
Rio Preto era um ponto de passagem, excelente para o contrabando do ouro.
Depoimentos de pessoas antigas, afirmam que o local onde se assenta a cidade era conhecido por Lamas de Ubá. Acreditamos essa afirmação, pois as terras desta zona pertenciam à fazenda Ubá, de propriedade de José Rodrigues da Cruz, sita a dez léguas da margem do Paraíba. A palavra Lamas, uma das asserções que abraçamos, é em pregada no sentido de definir arredores, como o é em muitas localidades portuguesas. No perímetro da cidade, doutro lado do rio Preto, deságua no ribeirão Ubá. E esse fato vem consubstanciar uma outra asserção : a da existência de muita lama pelas margens desse ribeirão, em cujas margens se espalhavam sesmarias doadas por d. João VI aos primeiros povoadores do solo fronteriço ao solo do município do Rio Preto.
Prosseguiremos com as nossas pesquisas históricas em FEU DE CARVALHO, no seu interessan­te artigo O Descoberto da Mantiqueira, acima citado:
Um ajudante de ordens do governador d. Rodrigo José de Menezes, o de nome Francisco Antônio Rabello, trouxe ordens para fazer exames necessários nos Matos Gerais do Rio Preto, procurando o meio mais seguro de impedir- se os aludidos extravios e, ao mesmo tempo, indagar das pessoas que tinham pedido licença para lavraras terras, do ouro que haviam descoberto.
Encaminhando - se pela estrada da serra, pelo ribeirão Santa Rita, por lhe haverem informado ser o mais frequentado, pela serra abaixo percorreu seis léguas, em caminhos de carros, abertos, e cultivadas mais de três léguas.
Dai para diante continuava o mesmo caminho de carros, pelo qual andavam bestas carregadas, conduzindo mantimento até o rio do Peixe. Toda a estrada tinha de extensão oito léguas.
Em todas essas extensões percorridas, encontrou varias roças antigas.
O terreno estava sendo preparado, também, em alguns pontos para roças novas. Certificaram-no de que todos os matos achavam- se habitados por grande número de moradores, que comunicavam- se por caminhos e picadas com uns e outros, que tinham roças plantadas, paióis e ranchos, em que se recolhiam.
O ajudante encontrando- se com Antônio Tavares, um dos descobridores do ouro, referiu-lhe que, no rio do Peixe, entre as barras dos rios Pirapetinga e Pouso Alegre, que ambos desaguavam naquele, com ferros e canoas, tinha já trabalhado e tirou duzentas e vinte e duas oitavas e quatro vinténs de ouro. Fazendo a conta do tempo que trabalhou e a gente empregada nesse trabalho, vinha a tocar, a cada um, por dia, meia pataca de ouro.
O guarda-mor Manoel Rodrigues da Costa, em 15 de dezembro de 1781, dá, a d. Rodrigo José de Menezes, governador da Capitania, notícia de que nas cabeceiras do rio do Peixe estava abrindo uma lavra o capitão Manoel dos Santos Castro em terras concedidas pelo dito guarda- mor, e ainda não havia dado lista do que tirou.
Ao ajudante Rabello, certificaram várias pessoas de crédito, das quais informou-se que, em muitas partes do sertão da Mantiqueira poderia-se creditar jornal diário de quatro vinténs e nos rios de maior quantia, por ser o sertão muito abundante de águas que das serras desciam e regavam a maior parte das terras, tornando se portanto, muito úteis para o exercício de mineração.
Era crença geral do povo que a ruptura dos Mattos Gerais fora devido ao exemplo de José Ayres Gomes, que tinham- se apoderado de um grande número de léguas de terras nos referidos matos.
Ao mesmo era atribuída a abertura de caminhos de carros e picadas pelos matos, por onde seguia- se à cavalo do engenho de cana que fez, a sair na fazenda que tinha na estrada geral do Rio de Janeiro, chamada a Mantiqueira, cujas terras possuía e proibia a todos os mais que entrassem por elas.
Constou mais ao ajudante que alguns dos moradores da estrada do Rio de Janeiro tinham feito roças, paióis e aberto caminhos para dentro do sertão proibido, por onde poderia, quem quisesse, passar sem encontrar a patrulha.
Em Ibitipoca, o ajudante deixou ordem ao capitão Manoel dos Santos Castro, em Santa Rita, ao capitão de auxiliares Antônio José Machado e, na Borda do Campo, ao coronel Manoel Rodrigues da Costa, para que, cada um deles, mandasse, em todas as entradas assinaladas. fazer uma relação dos povoadores que se encontrassem no aludido sertão.
O ajudante de ordens assevera que o governador poderia dar a segurança necessária e desejada nos extravios, a vista do mapa que, com a maior exatidão, pode fazer José Joaquim da Rocha que pelo mesmo general fora encarregado da execução.
Francisco Antônio Rabello persuadia de que o meio mais eficaz para neutralizar os extravios, seria uma estrada nas margens setentrionais , do rio Preto, a que geralmente chamavam Paraibuna, que fazia divisa das capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Esta estrada deveria ser patrulhada desde a sua barra até à cabeceira, proibindo-se canoas e toda a sorte de passagem pelo rio, que lhe informaram faziam, pela sua grande extensão e defesa na maior parte dele.
Seria um serviço difícil de se executar, pois o percurso do rio Preto é de 198 quilômetros, desde as suas nascentes, nas Agulhas Negras (Itatiaia) até á foz do Paraibuna.
Se assim procedessem, evitariam a abertura de novos caminhos.
Em 19 de julho de 1781 d. Rodrigo José de Menezes mandou expedir, ao comandante do Destacamento do Caminho Novo, alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, instruções pelas quais devia reger.
A ele estava encarregada a vigilância das margens do rio Preto.
Tiradentes, na carta de 25 de setembro de 1781 dava conta ao governador da capitania de suas atividades, sobre a fundação do Caminho dos Menezes, e vigilância sobre as margens do rio Preto, a fim de se evitarem contrabandos.
Era imprescindível a distribuição de terras. Grande número de habitantes já vivia nestas paragens.
João Pedro de Bustamante, desde 1760 vinha cultivando numa dessas entradas das Áreas Proibidas, umas terras de que tomou posse. Lá pelos Gerais, a massa humana disseminava- se. Membros das famílias Delgado Motta, Braz de Almeida, Ferreira da Cunha, Gomes, lá tinham- se estabelecido com fazendas de cultura e cuidando-se de mineração. O rio do Peixe, desde as suas cabeceiras até à foz, e seus afluentes, como o Pirapetinga, já era bastante conhecido e bem povoado, assim também as cabeceiras do rio Preto, como Bananal e Bom Sucesso.
Já em 1781, haviam estabelecidos com roças no ribeirão Pirapetinga, três quartas de légua, acima da foz do rio do Peixe, Antônio José Rodrigues Pereira, d. Úrsula das Virgens e Theotonio José de Oliveira, este a cinco léguas.
Na vertente do rio Preto, desbravando o sertão ínvio, o homem civilizado vinha, aos poucos, peneirando.
LÚCIO JOSÉ DOS SANTOS, em sua História de Minas Gerais, depõe que, a 20 de fevereiro de 1780, já no reinado de d. Maria I, em Portugal, tomou posse do governo da Capitania, d. Ro­drigo José de Menezes, mais tarde Conde de Cavaleiros. A este Governador muito deve a Capitania, quiçá o município de Rio Preto.
Percebendo d. Rodrigo a ruina que ameaçava as minas, fez, á d. Maria I, uma minuciosa Expo­sição sobre o estado e decadência da Capitania, propondo uma série de medidas que revelavam grande tino administrativo (4 de agosto de 1780)
Construiu diversas estradas; propôs a liberdade das indústrias; aconselhou a criação de um serviço de correios; a concessão de empréstimo aos mineiros, com juros de 8 a 9% ao ano; a supressão da casa de fundição; a transferência da Casa da Moeda, do Rio de Janeiro para Minas; a criação de uma fábrica de ferro, etc.
O governo português queria ouro e não reformas. Tudo continuou na mesma.
Do que dependia de seu governo, tudo se obte­ve. Entre esses bens, a criação dos Registros dos rios Preto, Paraíba e Paraibuna.
A decisão imperial n. 135, de 14 de novembro de 1822, dispensava às pessoas que entrassem na Corte, pelos registros dos rios Preto e Paraibuna, de novas guias de viagens, quando se retiravam.
E a de número 137, de l1 de julho de 1824, mandou cessar os emolumentos nos registros de Paraibuna e Rio Preto, aos tropeiros e viandantes.
Continua, agora, em seu artigo publicado na "A Ordem", atrás citado, o riopretano RODOLPHO PORTUGAL:
Mais tarde, quando o governador das Minas, Pedro Maria Xavier de Athayde Mello, estabele­ceu definitivamente Registro do Rio Preto, em torno do qual se foi fazendo povoado, surgiram dai, as primeiras habitações humanas que for­mam a cidade atual.
Decisão imperial n. 268, de 17 de dezembro de 1824, mandou abrir uma estrada desde o presídio do Rio Preto, até entrar na comarca de São João Del Rei.
Passou a ser o Rio Preto sede de um presídio.
E o lugar foi batizado por este nome — o Presídio do Rio Preto.
Até 1800, o lugar era ainda, pelo povo, desig­nado como A Passagem de Rio Preto, mas, na linguagem dos autos, de posse das datas, já com ufania, se chamava Arraial do Rio Preto-Aplicação de Nossa Senhora da Conceição de Ibitipoca- Co­marca do Rio das Mortes.
Era guarda-mor, então, Francisco Dionísio For­tes; escrivão da guardamoria, José Leite Ribeiro Bressani, substituído, em 1801, por Cosme Teixei­ra Galvão, e este, em 1807, por Francisco Maximiliano Alves de Mello. Em 1810 passou pelo registro do Rio Preto, o sábio naturalista SAINT HILAIRE que do lugar, de seu povo, de sua fau­na e de sua flora, dá interessante anotação. (Ler Segunda Viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo 1822)—AUGUSTO DE SAINT HILAIRE—Tradução de Afonso de E. Taunay.
Já por este tempo, a estrada para o Rio de ja­neiro era franca e, por sobre o rio Preto, se lan­çara uma ponte de cerca de 150 passes.
O espírito esclarecido dos governos da Metrópole e de Minas entendia que, com a abertura de estradas, muito lucrariam as condições do País, derrubando aquelas velhas idéias de proibição de aberturas de caminhos.
Entre elas, aquela plasmada no aviso imperial de 9 de maio de 1745, dirigido ao governador da capitania, mandando proibir o uso do caminho que abriam Antônio Gonçalves de Carvalho e outros, moradores na Aiuruoca, para sairem no Rio de Janeiro e costa do mar, e proceder con­tra eles na forma da lei de 27 de outubro de 1733.
Esse fato é relatado no trabalho organizado pela Secretaria de Agricultura do Estado de Mi­nas Gerais—MINAS GERAIS EM 1925 - na se­guinte forma:
«HORROR ÀS ESTRADAS — A visão estreita da política da Metrópole não podia permitir o me­nor progresso da Capitania de Minas e como um dos elementos de progresso é sem duvida a es­trada, o caminho que, unindo os lugares, facilita o comércio, as cortes portuguesas impediam o seu desenvolvimento na capitania, como já tive­mos ocasião de ver em outra parte desta obra.
Aqui queremos falar apenas da carta régia de 12 de outubro de 1758, determinando ao governo de Minas Gerais que de prontas e enérgicas providências contra o padre Antônio Gonçalves de Carvalho e seus associados, por terem aberto uma picada que de Aiuruoca ia sair no rio Paraíba.
Dois dias depois era expedida pelo mesmo Governador uma carta régia, ordenando "que os réus de que se trata a ordem supra sejam senten­ciados na Relação do Rio de Janeiro." O Padre Antônio Gonçalves de Carvalho foi preso algum tempo depois por aquele atentado, e, a 18 de agosto de 1760, entregue ao Bispo do Rio de Janei­ro para ser julgado com as culpas que tiver, em todo o caso, porém, deve ficar inibido de voltar às terras em que estava estabelecido.
“Além dessa carta régia, outras muitas já foram expedidas, durante essa proibição, sempre punida ferozmente, por muitos anos.»
E por esse fato o sertão do Rio Preto permaneceu, por muitos anos, depois das bandeiras, ainda entregue ao seu estado primitivo.
Mas, agora, visões esclarecidas aboliram essas idéias.
Rio Preto integrou- se, também, às zonas que vinham sendo povoadas.
Na extremidade mineira, chantou-se um cruzeiro de madeira lavrada; ao pé do qual havia um cofre e um quadro representando as almas do purgatório.
Pouco além estava o Registro, ou ponto fiscal, que era tão somente um rancho aberto como esses que, ainda hoje, abeiram as estradas.
Ali se descarregavam as tropas, cujas cargas eram miudamente examinadas e se pagavam tributos.
Em paralelo ao rio, na esplanada, junto aos morros, se entendia o arraial.
Todo ele era uma rua muito larga, com umas cinquenta casas baixas, separadas, uma das outras, todas elas com seus quintais plantados de bananeiras e laranjais.
O Registro tinha dois empregados civis. O administrador que coletava os impostos e o escriturário.
O destacamento era de seis soldados de cavalaria de Minas, comandados por um furriel e um cabo.
As passagens dos rios, então, tornaram-se livres. O que antes eram controladas pelo governo, como faz certo a carta régia de 22 de abril de 1711, em recomendação de S. Majestade ao Governador para que, com a ajuda dele, cumprir- se a ordem que lhe enviou o provedor da fazenda do Rio de Janeiro, para se por em arrematação as passagens dos rios e dos caminhos que vinham para Minas, ainda que se achasse em terras de donatários, por pertencerem todos à Fazenda Real, e cobrar o que se estiver devendo das arrecadações. que haviam feito antes das alterações desses moradores, ouvindo aos rendeiros, e deferindo-lhes como for de justiça

Francisco Dionísio Fortes, o segundo guarda-mor do Registro do Rio Preto, muito se interessa pelo progresso da terra em que passou a residir. Da terra que distribuía aqueles que vinham explorá-la. Distribuía apenas os direitos de explorar as datas e águas minerais do sertão do Rio Preto.
E decreto da Regência, de 14 de julho de 1832, vinha coroar de êxito os seus anseios - foi o curato de Nosso Senhor dos Passos do Rio Preto do Presídio, elevado à Paróquia. Até então residia no Registro uma cura, dependendo da Freguesia de Santa Rita do Ibitipoca, a que pertencia o curato.
Uma capelinha singela e pobre assentava-se no morro dos Beatos, a cavaleiro da praça central, em meio do cemitério. Ali, os primeiros habitantes da cidade, ouviam e assistiam os ofícios religiosos e recebiam os sacramentos da Igreja.
Estamos no fim do primeiro período do Rio Preto - as grupíaras vazias os socavões à beira do rio, que atestavam o trabalho exaustivo dos mineradores, na maior parte escravos, em busca da areia luminosa, já estão cansados de produzir.
Razão mais forte fez com que se afastassem os operários da mineração.
E' que só do ouro não pode o homem viver. É preciso cavar e terra e dela tirar o neces­sário para o seu sucesso. E esses homens, assim compreendendo, resolveram tratar da terra tão fértil; e cultivá-la.
E, nova época se fundou no Rio Preto — iniciou-se o segundo período: — o período do café.
E pela bruma do tempo, no esquecimento, lá se foram os árduos embates da procura do ouro no seio virgem da terra.
E uma planta maravilhosa começou a ser cultivada nos nossos terrenos —- o café.
Como onda, a preciosa rubiácea nos veio de Campo Alegre de Rezende, por via Conservatória e Falcão, enchendo de verde, esse verde alinhado que embriagam as nossas vistas, as encostas dos nossos morros.
No rincão do Rio Preto é que se plantou o primeiro pé de café, na então província de Minas Gerais.
E isso nos afirma HILDEBRANDO MAGALHÃES, no seu artigo O café em Minas Gerais, publicado no «O Malho», de 23 de novembro de 1933.
Rio Preto tomou parte saliente na revolução de 1812. Deu muitos voluntários para essa trégua. E muitos de seus homens de destaque puseram-se ao lado do governo constituído.
Na História da Revolução de Minas Gerais, e posta em um quadro cronológico, organizado de peças oficiais das autoridades legítimas, há um ofício dirigido ao Ministério da Justiça, pelo Comandante Superior da 8 a. e 13a. Legião da Guarda Nacional da Província do Rio de Janeiro, partici­pando as providências que dera para reunião das Forças, no Rio Preto, datado de 21 de Junho de 1842, diz assim: "-Tendo no dia 18 do corrente mês, às 11 ho­ras, do dia, recebido um ofício do Juiz de Direi­to de Vassouras, e algumas cartas de pessoas in­fluentes, requisitando — me Força da Guarda Nacio­nal das Legiões do meu comando e a minha pre­sença no Presídio do Rio Preto, Província de Minas Gerais, montei a cavalo em minha casa, às 3 ho­ras da tarde, do mesmo dia, e como tivesse de avisar alguns oficiais para que fizessem reunir as suas companhias só pude ganhar Vassouras às 10 horas do dia 19, ponto central das Forças que deviam marchar; ordenei, então, que o 3° Grupo de Cavalaria e -4ª. Companhia do 2º no Paty de Alferes se dirigisse à Vila da Paraíba do Sul, onde devia estar já o Chefe da 8ª (oitava). Legião. Depois de dar as providências que estavam ao meu alcance, pude reunir cerca de 80 praças da Guarda Nacional de ambas as armas e as fiz partir às 6 horas da tarde para o ponto do Rio Preto, onde achava-se o digno chefe da 2ª Legião de Barbacena, Nicolau Antônio Nogueira da Gama, acompanhado do Exmo. Visconde de Baependi. e alguns outros oficiais, com as forças de Valença e da dita 2ª Legião reunidos aos esforços dos mencionados Chefes e Exmo. Visconde. No dia 20, á meia noite, foi quando pude juntar a ela. E, é de admirar que a tal hora fosse recebido pela Guarda Nacional, postada em linha, e com o maior entusiasmo, rompendo vivas á S. M. o Imperador e ao seu Governo Legal. Pelos ditos Senhores, fui infor­mado de que, nesse mesmo dia, marchara uma força composta de 80 praças de Cavalaria e Infantaria Nacional do Rio Preto, para que, de combinação com outra da Freguesia de Santo Antônio de Rio Bonito, desalojassem os rebeldes que se haviam apoderado do Arraial de Santa Ri­ta de Jacutinga, o que conseguiram, como soube hoje, sem dar um tiro, fugindo os rebeldes em de­bandada, apenas avistaram nossas armas, e deixando, em nosso poder, doze ou treze cavalos, e igual número de selins, com dois clarins, que covardemente abandonaram. Este ponto do Rio Preto conta hoje com mais de 300 praças, de gente sem disciplina, sim, mas possuída de um grande entusiasmo e decidida dedicação à Sua Majestade, o Imperador, e às Leis que nos regem. Acho indispensável aqui alguma Força de Linha que coadjuve a Guarda Nacional, armamento e munições e, sobretudo Oficiais hábeis que a disciplinem e comandem. Neste sentido tenho oficiado ao Tenente Coronel Antônio Diniz Costa Guimarães e ao Capitão José Thomas da Aquino Cabral, o primeiro para tomar conta das Forças que devem ocupar Santa Rita, ponto que cumpre conservar; e o segundo para encarregar da instrução da gente deste lugar. Não posso deixar de levar ao conhecimento de V. Ex. o denodo e coadjuvação que tenho encontrado e todos os Cidadãos de todos estes lugares, cujos nomes mais notáveis em tempo farei constar a V. Ex. para serem presentes a S. M. O Imperador, fazendo, contudo, deste já, especial menção ao Dr. Antônio Joaquim Fortes Bustamante, Antônio José Osório de Pina Leitão, administrador do Re­gistro do Rio Preto, Reverendo Antônio Pedro dos Reis, cidadão Luiz José de Souza e Silva, o Capitão Thomé Dias dos Santos Brandão. Os fa­zendeiros vizinhos se têm prestado voluntaria­mente a fazer os fornecimentos, acrescendo te­rem outros subscritos grandes quantias, que já montão a 14:0003000 rs., para as primeiras despesas; enfim ,todos os oficiais Guardas e Cidadãos se têm postado dignamente."
E pelas margens do Rio Preto, desde o Presídio até à Ponte do Zacarias, espalhava-se a força em número elevado.
Em outro ofício trocado entre os mesmos, percebe-se que "em Serra Negra e Rio do Peixe havia uma partida de rebeldes que impedia o trânsito de gados e viveres que se dirigiam ao Rio de Janeiro, escolhi uma força de 160 homens de Infantaria, e 60 de Cavalaria, deixando suficientemente guarnecido o Ponto do Rio Preto, marchei para frente, e posto que distasse o pon­to de minha partida à Serra, fiz a marcha em três dias a fim de exercitar a força que marchava, e que sendo, como disse de Guarda Nacional, e paisanos, nenhuma instrução tinha e necessário era habitual a marcha e melhor habituá-la a tocar o inimigo; no segundo dia de marcha fomos logo pressentidos pelos rebeldes que franquearam pelo lado direito da estrada pela direção da serra, onde achavam-se bem fortificados. "E, na tarde do dia 15, poucos momentos depois de acampar a força na posição que pude encontrar mais adequada, indo o Coronel José Joaquim de Lima postar os Piquetes avançados, quase a tiro de fuzil, em distância dos rebeldes, apareceram em número de cento e tantos ho­mens afetando embaraçarmos de tomada daquela posição." Mais adiante diz que "um padre que diz chamar-se Manoel Rodrigues do Couto, pedira suspensão das armas por seis dias" e que por ali havia estado o Padre José Antônio Marinho.
NELSON DE SENNA em sua Efemérides Mineiras, diz que a 16 de setembro de 1842, o general Barão de Caxias, nesta data, baixou uma or­dem do dia, no arraial do Rio Preto, louvando e agradecendo ao Exercito e à Guarda Nacional de Minas os serviços prestados para sufocar a re­cente rebelião dos liberais derrotados na ação decisiva de Santa Luzia.
MAX DE VASCONCELLOS, no seu livro Via de Comunicações diz que a ponte sobre o rio Preto, na fazenda de Santa Clara, é de aroeira e foi construída em 1831.
Francisco Dionísio Fortes, o antigo guarda- mor do Registro do Rio Preto, tornou- se proprietário e garimpeiro de grande extensão do vale do Rio Preto.
Cinquenta anos depois de seu estabelecimento no sertão do Rio Preto, era o fazendeiro mais importante, reformando e aumentando a majestosa fazenda de Santa Clara, fundada a maiores que, relembrando os castelos feudais do Reno, surge à margem esquerda do rio Preto; é ela uma série de edificações.
Foi Francisco Dionísio Fortes um lutador, conseguindo fortuna colossal.
E querendo corresponder à terra que, com o seu produto, lhe encheu as arcas, procurou melhorá-la, participando com aqueles que residiam na antiga passagem do Rio Preto, afim de que a localidade pudesse ser admirada por todos que transitassem pelo caminho do Registro do Rio Preto, que liga a Zona do Rio das Mortes à Metrópole.
Em 15 de abril de 1844, pela Lei Provincial n. 27- — a elevação de Rio Preto á Vila, fincando — se num dos flancos de um morro da cidade (hoje ladeira de Dr.Portugal) o pelourinho que simbolizava a criação da Vila.
Devido às injunções políticas a vila de Rio Preto ficou entregue a uma jigajoga de interes­ses, sendo em 12 de março de 1846, suprimida pela Lei n. 285, contentando assim ao partido si­tuacionista que foi derrotado nas últimas eleições.
Dois partidos batiam-se no município-Conservador e Liberal,
Os Fortes, família numerosa, senhores da situ­ação, pertenciam ao partido Conservador e muito prestígio desfrutava na Corte. Eram eles, todos, homens dedicados às letras jurídicas e ocupando lugares na magistratura.
A vontade desses homens era cumprida por todos os seus amigos. Era a lei.
Rio Preto ressentia-se a falta de uma igreja que primasse pela sua feitura, substituindo , substituindo aquela capela dos tempos da Passagem do Rio Preto, que achava-se no meio do cemitério. Era muito pobre.
“Francisco Tereziano Fortes", filho do segundo guarda-mor de Registro, herdeiro de grande fortuna, senhor da fazenda de Santa Clara, legou, em testamento, certa importância e quantidade de arrobas de café, para construção de um. novo templo. E seus herdeiros assim o cumpriram. E a 26 de setembro do 1860, realizou-se a inauguração da nova Igreja Matriz, templo vasto e de belo aspecto.
Com esta obra despendeu a baronesa do Monte Verde, dona Maria Teresa de Souza Fortes, viúva do Tereziano, a importância de duzentos contos.
Foi auxiliada, também, pelo seu irmão Carlos Theodoro de Souza Fortes, barão de Santa Clara.
O Vigário da Freguesia, Padre Martiminiano Teixeira Guedes, muito esforçou-se, também, para o feliz término das obras.
Ali, próximo ao altar, existem os restos mortais desses três bem feitores e, na sacristia, os retratos a óleo, dos construtores do templo, homenagem prestada pelos seus contemporâneos,
A baronesa de Monte Verde que, mais tarde, em 1867, foi agraciada com o título de viscondessa do Monte Verde, recebeu, no dia da inauguração, grandes homenagens.
Um fato doloroso deu-se a 20 de maio de 1863. E' assassinado nas proximidades da fazenda de Santa Clara, o português Manoel Pereira da Silva Júnior. De um emaranhado de motivos, como sejam: -abertura de uma estrada pelos terrenos dos Fortes,- campanha difamatória feita pela imprensa por Pereira, aos Fortes- e questões políticas, pois Manoel Pereira da Silva Júnior constituíra-se chefe do partido liberal, houve esse desfecho que causou o degringolar da importante família. Dali só ficou em Rio Preto, isto mesmo na fazenda de Santa Clara, a viscondessa do Monte Verde, e, na fazenda de São Fernando, no estado do Rio, o barão de Santa Clara. Os demais membros retiraram-se e outros fugiram à ação da justiça, como o Dr. Gabriel Ploiskellec de Bustamante, juiz municipal do termo, principal mandante do crime, indo se homiziar na África.
A vila que havia sido criada novamente a 11 de julho de 1857, pela lei número 853, foi, em consequência desse fato, transferida para a Povoação de Nossa Senhora do Porto do Turvo, pela Lei número 1.191, de 27 de julho de 1864.
Devido à luta entre conservadores e liberais, posteriormente, a vila fora suprimida pela lei nº 285, de 12 de março de 1846, e restaurada, pela lei provincial nº 472, de 51 de maio de 1850.
Com a queda do prestígio dos Fortes, causada por uma devassa feita pelo Governo da Província, cumprindo ordem do Paço Imperial, Rio Preto entrou numa fase de estacionamento.
O período do café que constituiu o segundo período de Rio Preto estava, nessa ocasião, em pleno esplendor. Mas ficou prejudicado com o acontecimento de 20 de maio de 1863. O entusiasmo criado pelos Fortes, na lavoura de café, foi amortecendo, declinando.
E, a Guerra do Paraguai veio dar uma solução a esse hiato. As vistas dos habitantes de Rio Preto ficaram voltadas para os campos da luta. Certo ânimo esboçara-se no comércio; a lavoura começou a ser tratada com interesse.
Terminada a guerra, um surto de progresso soprou por sobre Rio Preto. Muitos de seus filhos lá estiveram e voltaram cobertos de glórias, como Francisco Gomes, Policiano de Lacerda e outros.
E Rio Preto, como demais partes do país começou a sentir os efeitos do entusiasmo pós-guerra Paraguai: os brasileiros, ainda sofrendo as consequências das refregas, revelaram em si, um espírito criador, adotando organizações no trabalho e procurando dar largas ao espírito inventivo para resolver de modo prático as necessidades da vida.
E pelo Presídio, o caminho da Corte para as zonas do Campo e Borda do Campo tornou-se bastante comercial. Tropas e mais tropas conduzindo produtos da lavoura por aqui transitavam. E, o Presídio ergueu-se, iniciando-se, então, o terceiro período — o período da cana-de-açúcar. Não havia uma grota em que não existisse um engenho de cana. A lavoura de café começou a ser substituída pela da cana- de- açúcar.
E, um trabalho para ser novamente instalada a vila de Rio Preto, notou- se na antiga Passa­gem do Rio Preto novos valores políticos começaram a manifestar-se.
A lei Provincial n. 1844, de 13 de Setembro de 1870, transferiu a sede do município de Turvo para Rio Preto. A primeira etapa estava vencida.
Em 22 de julho de 1871, a sua instalação fez- se solenemente no Paço Municipal.
Sob a presidência do Tenente Coronel Antônio Belfort Ribeiro de Arantes, presidente da Câmara Municipal do Turvo, que viera para esse fim, abriu- se a sessão de instalação, com a presença dos vereadores Cândido Alves Coutinho, Dr. Manoel da Silva Gouvêa, Barão de São José, Manoel Dias Santos Brandão, Dr. Mariano Pereira da Silva Gomes e tenente João Baptista Gonçalves da Costa Pires. Aos vereadores foi deferido o juramento que prestaram aos Santos Evangelhos e empossada a Câmara.
Serviu de secretario Diogo Alves Ribeiro do Valle
Foram empossados depois os vereadores Fran­cisco Vieira Valente, João Evangelista de Souza Franco, Ildefonso Antônio Duque e Antônio Faustino da Silva Pinto, que também faziam parte da primeira Câmara, e não se achavam presentes no ato da instalação.
Câmara elegeu seu presidente o Senhor capitão Cândido Alves Coutinho e secretario efetivo o Sr. Francisco Antônio Duarte da Silveira.
Uma alegria natural se notava em todos os meios da vila, irradiando-se de todos os semblantes uma festiva satisfação.
Os ódios partidários desapareceram, uma emoção sem limites comungou a alma dos riopretanos.
Novas esperanças se focalizaram.
A lei número 1.781, de 21 de setembro de 1871, eleva a vila de Rio Preto à categoria de cidade, título até hoje vigorante.
E a lei provincial número 2.210, de 2 de junho de 1876, criou, em Rio Preto, uma comarca de segunda entrância, entrando em exercício o pri­meiro juiz de direito da comarca, o doutor Lucas Antônio Monteiro de Castro.
As estradas que alcançavam Rio Preto come­çaram a ser bastante movimentadas. A idéia de uma estrada de ferro que ligasse a Corte a Rio Preto começou a ser ventilada. Com a inauguração dos trilhos da então estrada de ferro União Valenciana, em Valença, o Dr. Alberto Furtado, riopretano ilustre, cobriu-se de âni­mo para trabalhar junto ao governo, a fim de conseguir para Rio Preto, tão útil melhoramento.
E os seus esforços foram coroados, em 6 de novembro de 1892, com a inauguração da linha, cujos trilhos atingiam a cidade.
Foi festiva a inauguração, contando com a au­gusta presença dos Condes d' Eu.
Um surto de progresso, por essa ocasião pairou sobre a cidade: Com a vitória do ideal republicano, o Dr. David Campista, então intendente municipal, passou a melhorar as condições da cidade. Outro espírito brilhante passou a ori­entar os destinos de Rio Preto — Gastão da Cunha.
Sob a sua influência, fundou-se a Santa Casa valendo-se de legados, como o de Barão de São José. O Barão de Santa Clara, já idoso, ainda o auxiliou nesses anseios.
Em 12 de dezembro de 1917, fez-se, na cidade a primeira experiência de luz elétrica, fornecida pela usina construída e montada pelos Srs. Caldas & Costa.
Em 19 de julho de 1919, instalou-se, em prédio próprio, o Asilo São Vicente de Paula, afim de ali abrigar a velhice desamparada.
Decreto Estadual de 30 de maio de 1919, sob o n. 3188, criou, em Rio Preto um Grupo Escolar.
Decreto Estadual de 20 de Fevereiro de 1930 criou, em Rio Preto, uma Escola Normal Oficial, de primeiro grau.
Com a ascensão do farmacêutico Dermeval Moura de Almeida à presidência da Câmara e ao cargo de Prefeito, este em 1931, a cidade passou a receber melhoras ao seu aspecto.

Fim
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Histórico de Rio Preto. José Marinho de Araújo 1937

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